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APOCALIPSE da palavra grega apokalypsis, uma revelação ou desvendamento, uma revelação da verdade, uma manifestação ou retorno à visão, a palavra chega a significar certo tipo de literatura profética apresentando os juízos do final dos tempos deste mundo e as visões do próximo mundo. Além dos apocalipses canônicos nos livros de Ezequiel, Daniel e Zacarias no AT, e no de João no NT (veja Apocalipse, L í v t o de), houve vários apocalipses fantasiosos judaicos e cristãos primitivos incluídos entre os Apócrifos (q.v.).
Este livro que conclui o NT revela a vitória final e permanente obtida pelo Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele mostra o governo do céu, o estabelecimento da justiça, e uma revelação da casa celestial em sua glória e beleza infinitas. O livro de Apocalipse é a conclusão perfeita e inevitável da revelação Divina.
"Revelação” é uma palavra latina do verbo revelare, significando “revelar ou descobrir o que estava anteriormente oculto”. Revelação é o título deste livro na Vulgata Latina e nas traduções inglesas. O título grego é Apocalipse, tirado diretamente da primeira palavra do texto gr. apokalypsis. Como um verbo, é frequentemente usado no NT, particularmente como uma referência às revelações especiais de Deus ao homem em Jesus Cristo (Lc 17.30; Rm 8.18; 2 Ts 1,7; 1 Pe 1.6.13).
Autor e Data - Foi o veredicto unânime da igreja primitiva, e geralmente, embora não exclusivamente, dos estudiosos bíblicos desde então, que o autor foi o apóstolo João, o escritor do quarto Evangelho. Ele inseriu o seu nome real quatro vezes neste livro (Ap 1.1,4,9; 22.8). A maioria dos estudiosos conservadores hoje concorda que João escreveu este livro na ilha de Patmos, para onde havia sido banido pelo imperador Domiciano (81-96 d.C,).
Características - É interessante notar que das 916 palavras diferentes encontradas no texto grego de Apocalipse, 416 delas também são encontradas no quarto Evangelho, 98 ocorrem apenas em outras passagens do NT, enquanto que 108 não são encontradas em nenhuma outra parte no NT. Palavras significando “ver”, "perceber” etc., ocorrem, aproximada¬ mente 150 vezes neste livro. Às vezes João registra o que ouve, mas de uma forma ge¬ ral o apóstolo registra aquilo que ele vê. É estimado que em seus 265 versículos estejam contidas 550 referências a informações do AT, incluindo 79 a Isaías. O livro em si faz, com frequência, um paralelo exato, e completa as profecias do livro de Daniel.
Os primeiros três capítulos de Apocalipse di¬zem respeito às sete igrejas da Ásia, à maneira como elas existiam até o final do século I. A visão da atividade celestial registrada nos caps. 4 e 5 não possui um fator ao tempo específico. Começando com o cap. 6, porém, são profetizados acontecimentos que não ocorreram nesta terra. Quaisquer que possam ter sido as tentativas de diferentes comentadores, como por exemplo, de identificar o gafanhoto saindo do abismo no cap. 9, nenhuma catástrofe mundial desse tipo ocorreu envolvendo os números mencionados neste texto sagrado. “E o número dos exércitos dos cavaleiros era de duzentos milhões” (9.16). O governo do Anticristo no cap, 13 não deve ser identificado com qualquer acontecimento do passado, nem com a batalha do Armagedom.
Portanto, este é um livro que está principalmente relacionado com eventos que ainda estão por vir, com as terríveis destruições e tribulações que ocorrerão no final desta era, com a segunda vinda de Cristo, com o Milênio, com o tribunal do Grande Trono Branco, e com o nosso lar eterno no céu.
O Apocalipse, acima de cada um dos outros livros da Bíblia individualmente, ê um livro de alcance mundial. Nele ocorrem frequentemente frases como, “muitos povos, e nações, e línguas, e reis” (10.11; 11.9; 17.15). Quando os reis são apresentados, eles são frequentemente citados como os “reis do mundo inteiro” (16.14; 17.2,18; 18.9; 19.19).
Sobre Satanás é dito que ele é “o sedutor de todo o mundo”, ou aquele “que engana todo o mundo” (12,9). A besta do mar recebe “poder [ou autoridade] sobre toda tribo, e lín¬gua, e nação” (1S.7,8), Cristo por fim reinará sobre “os reinos do mundo” (11.15). Embora o livro de Apocalipse seja um livro de vitória final gloriosa e permanente, ele é ao mesmo tempo um livro de constantes conflitos até o final de suas profecias. E significativo que palavras como “rei”, “reino”, “governo”, “trono”, “conquista", “poder”, "guerra”, “matança”, “matar” sejam usadas tanto em referência a Cristo, como a Satanás e ao Anticristo, e também aos outros inimigos de Deus. Embora haja 38 referências ao trono de Deus de 1.4 a 22.3, Satanás tem um trono (2.13; 13.2), e a besta também (16.10).
A palavra "matar" (gr. apokteinoo) ocorre mais frequentemente aqui do que em todo o restante do NT reunido, O cavaleiro no cavalo amarelo matou com a espada, com a fome, e com a morte (6.8,1 1; veja também 9.15,18). As testemunhas em Jerusalém foram mortas pela besta (11.7); mas no final do livro, na batalha do Armagedom, “os demais foram mortos com a espada que saía da boca do que estava assentado sobre o cavalo” (19.21), Na última parte do livro é mencionada uma guerra no céu (12,7); uma besta que possuía grande poderio militar (13,4); os reis da terra que guerrearam contra o Cordeiro (17.14); e o próprio Cristo em um cavalo branco, sobre o qual foi dito, “O que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça” (19.11), Às vezes, os inimigos de Deus vencem os santos de Deus (11.7; 13.7 etc.). Mas estes poderes são por fim derrubados, e para todos os crentes de todas as idades é feita uma promessa: “Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram a sua vida até à morte” (12.1 1).
Ao estudar este livro, e ao tentar separar seus diversos períodos e tipos de atividade, note que há aqui uma sequência alternada de cenas no céu e na terra. Assim, a descrição do Filho de Deus no céu nos caps. 4 e 5 é seguida pelos juízos dos seis selos sobre a terra. A segunda cena no céu (7.9-8.5) é seguida pelos juízos das sete trombetas. A voz do céu registrada no cap, 10 é seguida pelos terríveis eventos dos caps, 11-13. Esta sequência de atividade no céu seguida de juízos na terra apresenta enfaticamente duas grandes verdades, que o céu sabe de antemão o que ocorrerá na terra, e o que é decidido no céu é o que deve ocorrer na terra. Ao longo de todo o livro, um fato é continuamente enfatizado. Deus “tem posto em seu coração que cumpram seu intento, e tenham uma mesma ideia, e que deem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus” (17.17).
Dentro do contexto destas cenas celestiais, está uma série de 14 hinos extraordinários entoados no céu (4.8; 4.11; 5.9,10; 5.12; 5,13; 7.10; 7.12; 11.15; 11.16,17; 14.3; 15.3,4; 19.1,2; 19.3-5; 19.6-8). Estes hinos são cantados por diferentes grupos, e dizem respeito a vários temas. Às vezes, dirigidos a Deus; às vezes, a Cristo; e, às vezes, a ambos.
Métodos de Interpretação - Diferente de qualquer outro livro do NT, o Apocalipse fez surgir quatro grandes métodos de interpretação. Dos dias de Agostinho até o presente, alguns têm insistido que o propósito do livro não é ensinar sobre os acontecimentos futuros, mas, antes, encorajar os cristãos com princípios espirituais básicos, especialmente o poder de Deus e a vitória final de Cristo. E verdade que o livro realmente tem esta mensagem, mas, certamente, é um livro de profecia, com eventos específicos como o aparecimento do Anticristo, a batalha do Armagedom etc.
O segundo método de interpretação é conhecido como o preterista, o qual insiste que, primeiramente, o autor estava apenas se referindo aos eventos que lhe eram contemporâneos, e que estavam ocorrendo dentro o Império Romano. Esta opinião tem sido defendida por Moffatt, Simcox e outros. Estes estudiosos insistem, por exemplo, que o governante que sofreu o ferimento de morte era Nero, e a besta do cap. 13 era Domiciano, mas, como Milligan bem disse, “Todo o tom do livro leva a uma conclusão oposta. Ele trata em grande parte daquilo que estava para acontecer no fim dos tempos... Fica claro que o Apocalipse diz respeito à história da igreja até que esta entre em sua herança celestial”.
O terceiro método de interpretação é conhecido como historicista, e apresenta a opinião de que, especialmente no juízo dos selos, das trombetas e das taças, o livro prevê acontecimentos específicos relacionados à igreja, ocorrendo a partir do século I d.C., até os tempos modernos. Muitos daqueles que defendem esta opinião afirmam que os juízos das trombetas estendem-se de 49 a 1453 d.C. Alguns dizem que o terremoto de 11.19 refere-se à Revolução Francesa etc. Porém, tal sistema de interpretação permite àqueles que o defendem, a liberdade de identificar qualquer evento que se desejar com qualquer uma das principais seções do livro de Apocalipse. Nenhum dos defensores desta opinião concorda em geral quanto aos eventos específicos que são indicados por qualquer um destes 21 períodos de juízo representados pelos sete selos, pelas sete trombetas e pelas sete taças.
No quarto método, cujos defensores são conhecidos como “futuristas”, acredita-se que as visões deste livro, a partir dos acontecimentos do cap. 6 até o aparecimento da Cidade Santa, devem ser colocadas no futuro. Alguns dos extraordinários contribuintes para um entendimento do livro de Apocalipse e que pertencem a esta escola são Joseph Seiss, S. P. Tregeíles, William Kelly, Nathaniel West, Henrv Alford, Theodore Zahn, William G. Moorenead e Walter Scott. Existem verdades em cada um destes métodos de interpretação. Por exemplo, há grandes verdades espirituais por todo o livro, e os primeiros três capítulos devem ser interpretados historicamente. Mas, a maior parte das profecias do Apocalipse ainda aguarda o seu cumprimento.
Desde a invenção e do uso das bombas atômicas e da criação das bombas de hidrogênio, muitos intérpretes estão dispostos a considerar a opinião futura. Muitos escritores começaram a se referir a esta era como “uma era apocalíptica”, por causa das terríveis possibilidades e ameaças de destruição em massa através das imensas forças que estão sob o controle de governos ímpios e amorais, e que parecem similares à devastação a ser operada nesta terra pelos juízos profetizados no Apocalipse.
Existem diversas propostas diferentes para esquematizar o livro de Apocalipse, mas o esboço abaixo contém ao menos os principais assuntos do livro na ordem de sua apresentação.
Introdução, 1.1-8
I. A Visão do Cristo Glorificado e suas cartas às sete igrejas da Ásia, 1.9¬ 3.22.
II. A abertura do livro com sete selos no céu, e os acontecimentos que ele anuncia na terra, 4.1-6.17.
III. A condição dos santos redimidos na terra e no céu, e os juízos anunciados pelas sete trombetas, 7.1-9.21.
IV. O governo do Anticristo, a hora mais sombria da história mundial, 10.1-13.18.
V. Os anúncios preparatórios do céu e as sete taças do juízo, 14.1-16.21.
VI. A queda da Babilônia e a batalha do Armagedom, 17,1-19.21.
VII. O milênio; o juízo fumal; a nova Jerusalém e a eternidade, 21.1-22.5 Epílogo, 22.6-21.
Fonte: Dicionario Bíblico Wycliffe Charles